terça-feira, 8 de outubro de 2013

Marina no PSB e urgência da reforma política



E Marina Silva optou por se filiar ao PSB, um partido, dito por ela, tradicional que não tem diferenças do PT ou do PSDB. Resolveu jogar o jogo com a regra que está posta. Pelo gesto em si, não há o que condenar.

O problema é a nossa legislação política-eleitoral. Todos os partidos, em maior ou menor grau, realizaram movimentações como essa para garantir filiações de prováveis candidatos ano que vem.

Mesmo não dando para se condenar o ato de filiar-se ao PSB em si, dá – e muito – para criticar a postura de Marina durante a tentativa de criação de sua Rede Sustentabilidade, afirmado por ela como fruto da não existência de espaços onde a política era tratada com seriedade, ética, compromisso e outras tantas coisas que ela usava para tentar fundamentar sua criação. Todas muito vagas, diga-se de passagem.

Vida real
Ao se filiar ao PSB, Marina aceitou o jogo político que garantia negar. Ela entrou em uma agremiação partidária que optou por um pragmatismo pior que o do PT. Pior por que o PT ao menos tem a desculpa (e não é qualquer desculpa) de ser o principal partido do governo federal e, com a lógica institucional vigente, as coalizões são mais do que necessárias.

O PSB não vive essa realidade, ele poderia ser mais programático do que pragmático. Ou será que as ideias construídas por Miguel Arraes, foram jogadas na lata do lixo por seu neto, Eduardo Campos, presidente nacional da legenda.

Marina agora está no mesmo partido dos Bornhausen. O filho do Jorge, fiel membro da ditadura civil-militar de 1964, Paulo será candidato em Santa Catarina pelo PSB. Heráclito Fortes, ex-DEM do Piauí também virou um socialista de Campos e agora é seu companheiro. Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara dos Deputados e da bancada ruralista, defende que seu partido apoie o PSB em 2014. Como é cruel a vida real.

Marina desde que saiu do PT pregou uma nova forma de fazer política, mas abriu mão de juntar-se ao querem uma reforma que fortaleça o debate programático. Foi derrotada pelo pragmatismo.

Sua união com Eduardo Campos no PSB por si só não quer dizer nada em termos de votos nas próximas eleições. Apenas que poderemos ter, em caso de uma chapa “puro sangue” do PSB, uma candidatura um pouco mais forte e que pode tirar de Aécio (ou o Serra) o centro da oposição no Brasil. Sobre isso o momento é de esperar para ver.

Reforma política
Infelizmente ao invés de toda essa movimentação dos partidos para abrigarem personalidades em suas fileiras com vistas às eleições em 2014 fomentar ainda mais o debate sobre a reforma política, alimenta apenas a banca de apostas sobre quantos votos cada nome terá ao final do dia cinco de outubro do ano que vem.

As contradições expostas no último mês apenas reforçam a necessidade de mudar a forma de fazer política no Brasil, a relação das instituições, dos partidos, do capital financeiro na política, da mídia, enfim, uma série de coisas que afetam diretamente nossa democracia. Mas ao que parece, isso vai ficar para depois. Mais uma vez.

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